camela, 2015. Trabalho recusado realizado no II Premio Camelo de Arte Contemporânea – Galpão Paraíso – MG.
Camela buscou discutir e problematizar a ideia vigente de que neste sistema é melhor ter qualquer trabalho a não ter trabalho nenhum. Duas propostas foram enviadas para o II Premio Camelo de Arte Contemporânea. O desenho foi aceito, mas a proposta que questionava a competição e a exploração do excesso de mão -de-obra não passou. Diante de tal recusa e especificamente devido a natureza deste trabalho, decidi levar a cabo parte da ação planejada, ou melhor, resolvi ver no que ela poderia se transformar. Minha proposta se relacionava com a marmoraria que se encontra em frente ao espaço expositivo, que despeja toneladas de mármore e granito no lixo toda semana. Foram essas pedras descartadas que usei na minha ação de carregá-las da marmoraria até a calçada ao lado e logo depois tive que retornar com as mesmas a mando do dono da loja com a ajuda de seus empregados. Eles tiraram uma foto enquanto eu chorava sob as pedras. chovia. Toneladas de trabalho por nada. Camela trata de todas as horas de projeto trabalhadas que não tem sequer perspectiva de serem remuneradas, todo este trabalho que o capitalismo recicla pois não há onde colocar. Há excesso de gente, excesso de mão de obra e poucas vagas. O trabalho dos editais de competição atuam num padrão negativo. É preciso negar centenas de vezes, centenas de projetos pois, não há vaga pra todos. Através da competição consegue-se que muitos tenham a ilusão de estarem participando do sistema, quando estão apenas alimentando uma falácia e continuamos como escravos a carregar pedras para nada. Depois da ação, levei o ocorrido através de um texto para o facebook onde muitos artistas expuseram suas ideias a respeito e discutiu-se bastante sobre todas essas tensões.
Camela wants to discuss the presente idea that in this system is better to have any work than not to have work at all. Two proposals were sent to a Contemporary Art Prize. The drawing was accepted, but the proposal that questioned competition was not. With the proposal being refused, and the refuse being even more potent to the action, I decided to go on with it, to see until where I would be able to go and transform this piece. There is a marble shop in front of the art prize exibition space. My plan since the beginning was to work with them because tons of it are thrown away, discharged everyday. So I moved tones of stone from the marble shop trash to the sidewalk beside and after a little while they made me put it all back with the help of their staff. They took a picture of me crying on the stones, it rained. Tones of work for nothing. Camela deals with the excess of work force, excess of people, few working positions and questions the Open Calls for art that works through a negative perspective. After the action took place, I moved with the discussion to facebook where many artists exposed their ideias in a very passionate discussion that involved the people from the prize too.